quarta-feira, 6 de julho de 2016

Filha de agricultor sabe agricultar



27.06.2016 às 16h170

 
Nos 10 hectares de produção cultiva hortofrutícolas, algumas frutas, como melão
JUSTIN SULLIVAN
Ganhou o 'Prémio Jovem Agricultor de Portugal 2016' e espera poder inspirar outros jovens a se dedicarem à agricultura, que corre no sangue da família. "Tudo é importante, mas primeiro a alimentação", defende

RUBINA FREITAS
"Quem corre por gosto não cansa". Catarina Martins recorre-se da sabedoria popular para resumir o percurso que a fez chegar ao epitáfio de "Melhor Jovem Agricultor(a) de Portugal 2016", aos 24 anos, ainda a frequentar o curso de Engenharia Agronómica da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Bragança.

Foi a correr entre os campos da Horta da Vilariça, em Torre de Moncorvo, que a jovem se afeiçoou à vida da terra, ainda que reconheça que não é uma vida fácil. O pai é o maior horticultor local e, apesar de ter outros interesses, a escolha académica pareceu-lhe óbvia. "Tenho gosto por outras vertentes, mas como acompanhei desde pequena toda a atividade já existente na família, ganha-se o gosto, pelo que vemos os nossos fazer, por mais trabalho que dê, criamos algo que é nosso", revela.

Começou por acompanhar as atividades agrícolas da família, até que sentiu necessidade de dar o 'grito do Ipiranga', corria o ano de 2013. "Senti vontade de me instalar por conta própria, e fui analisando a possibilidade de recorrer ao programa de Primeira Instalação de Jovens Agricultores do PRODER em terrenos próximos da exploração do meu pai", resume. A ideia era criar melhores condições de trabalho, num sector onde a qualidade é crucial. "Construí um armazém de 1000 m2 com sistema de frio capaz de garantir a máxima qualidade no processo de colheita devido a uma rápida armazenagem dos produtos colhidos, e com isso retirar a pressão de venda à colheita e ainda assim dar uma resposta adequada aos requisitos dos diferentes sistemas de qualidade", resume. E foi tudo isto que foi premiado em 2016. "Com estas infraestruturas montadas, é possível, abrir várias janelas no mercado e ter mais rentabilidade", explica.

Nos 10 hectares de produção cultiva hortofrutícolas, algumas frutas, como melão, melancia, e legumes, como couve coração ou lombardo, que vende para o pai. Para além disso, está a iniciar vendas para uma empresa recente, que visa a exportação. Construiu o seu próprio emprego e contrata prestadores de serviço externos. Apesar do currículo confessa que não estava à espera do galardão, que a deixou bastante satisfeita. Catarina Martins gostava de inspirar outros a seguirem o chamamento da terra. "Pode ser que assim os jovens de hoje em dia pensem melhor na sua vida profissional e naquilo que é realmente importante", antecipa. "Outras profissões são importantes, mas a nossa alimentação é a base de tudo, sem alimentação não podemos exercer qualquer atividade", defende.

A caminho de Bruxelas onde representará Portugal, a jovem agricultora sabe bem o quer. "A exportação será sem dúvida um dos objetivos de futuro, havendo, portanto, necessidade de implementação de sistema de qualidade internacionais como são exemplo o GlobalGAP e o BRC, revestindo-se o armazém e respetivos equipamentos de uma importância vital", termina.

"Pés na terra, olhos no futuro", despede-se.

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