terça-feira, 28 de junho de 2016

China quer cortar no consumo de carne para poluir menos, muito menos


PÚBLICO 21/06/2016 - 14:55

O novo plano alimentar sugerido pelo Governo chinês, que visa uma redução de mil milhões de toneladas de emissões poluentes, merece elogios dos ambientalistas.

 
A manter-se o ritmo de consumo, a China poderá chegar a uma média de 93 quilos de carne por pessoa em 2030 DANIEL MIHAILESCU/AFP
 
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O Governo chinês lançou um novo plano alimentar para reduzir o consumo de carne para metade. A medida está a ser amplamente elogiada pelos ambientalistas, que esperam ver resultados na redução do efeito de estufa. Desenhado pelo Ministério de Saúde chinês (que o revê a cada dez anos), o novo guia de alimentação recomenda o consumo diário de 40 gramas a 75 gramas de carne. Caso estas recomendações sejam seguidas, as emissões podem ser reduzidas em mil milhões de toneladas até 2030, uma vez que grande parte das emissões poluentes é causada pelo gado bovino e suíno.

Globalmente, a produção de gado é responsável por 14,5% do total de emissões de gases poluentes, mais do que todo o sector dos transportes. O principal responsável nesta equação é o metano, um dos gases responsáveis pelo efeito de estufa. Ora, em média, cada vaca produz até 500 litros de gás metano por dia. A estas emissões acrescem as de dióxido de carbono causadas pelo recurso a fertilizantes. Num país com 1,4 mil milhões de habitantes, e onde a sugestão para o consumo de carne rondava até agora uma média de 115 gramas por dia, a mudança de hábitos alimentares pode representar um grande impacto no ambiente.

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Os hábitos alimentares dos chineses nem sempre foram tão "carnívoros". Em 1982, cada chinês comia em média apenas 13 quilos de carne por ano e um bife era associado a "comida de milionário". No entanto, o crescimento económico da China alterou substancialmente o consumo de carne no país. Nos últimos 34 anos, esse consumo aumentou quase cinco vezes, para os 63 quilos anuais por pessoa, e representa cerca de um terço do consumo global de carne.

 
Nova pirâmide alimentar corta o consumo de carne em 50% DR
Se os números já parecem alarmantes, caso não este plano alimentar não produza os efeitos desejados nos hábitos alimentares dos chineses, calcula-se que cada chinês possa ultrapassar o consumo de 90 quilos de carne por ano em 2030.

Ainda assim, a China não é o país onde o consumo de carne per capita é o mais elevado. Na lista de países com maior consumo surge a Austrália, onde a barreira dos 90 quilos de carne por ano foi ultrapassada em 2013. Antes da potência asiática surgem ainda os EUA e Israel, onde o consumo é duas vezes maior do que o chinês.

Li Junfeng, director do Centro Nacional para Estratégia e Cooperação Internacional da Mudança Climática chinês acredita que "através desta mudança de estilo de vida a indústria de produção animal se irá transformar e as emissões de carbono serão reduzidas", cita o jornal britânico The Guardian.

"Combater as alterações climáticas envolve um julgamento científico, decisões políticas e apoio empresarial, mas, por último, continua a assentar no envolvimento da população em geral para mudar os hábitos de consumo na China", sublinha Junfeng. "Cada um de nós tem de perceber a importância da diminuição de carbono e lentamente adaptar-se a ela", conclui.

De acordo com um relatório da WildAid, uma organização que trabalha com figurais na área dos negócios e entretenimento para sensibilizar para os problemas ambientais, a continuação dos níveis de consumo pode adicionar à atmosfera 233 milhões de toneladas por ano. As consequências far-se-iam sentir também no abastecimento de água do país, bem como agravar os problemas de saúde da população com obesidade e diabetes, alerta a organização ambiental.

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