quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Alimentar o mundo sem pesticidas é possível, afirma cineasta

inShareAlimentar o planeta Terra sem pesticidas é possível, afirma a
jornalista francesa Marie-Monique Robin, que após revelar num filme o
envolvimento do exército francês na Operação Condor e denunciar a
multinacional Monsanto, defende no seu novo trabalho a agroecologia.
Com o documentário «Les Moissons du futur» («As colheitas do futuro»),
Morin encerra a trilogia sobre a contaminação alimentar que começou em
2008 com «O mundo segundo Monsanto», sobre a gigante agroquímica
americana Monsanto, e «Nosso veneno quotidiano» (2010).
«Após estes filmes, participei de dezenas de conferências nas quais
perguntavam-me: mas é possível alimentar o mundo sem pesticidas?»,
conta Robin, autora de vários filmes sobre os direitos humanos na
América Latina, entre eles «Esquadrões da morte, a escola francesa»
(2003), no qual revelou um acordo de cooperação militar secreto entre
Paris e Buenos Aires.
No seu novo documentário, Robin explica que para tentar responder à
pergunta sobre se pode resolver a crise alimentar global mediante a
agroecologia, percorreu o planeta, do Japão ao México, passando pelo
Quénia e Estados Unidos, reunindo-se com camponeses, agricultores,
agrónomos e especialistas.
O seu veredicto é taxativo: não apenas é possível produzir alimentos
em quantidade suficiente para que o mundo não passe fome, e também sem
prejudicar o planeta, mas «se agora não se pode alimentar o mundo, a
culpa é dos pesticidas...», assegura Morin.
Ao contrário dos seus dois filmes precedentes, «As colheitas do
futuro» não é tanto uma investigação, mas uma reunião de testemunhos
que foram recolhidos numa versão filmada, que será lançada em DVD em
meados de Outubro, e um livro publicado pela editora La Découverte.
O trabalho de Morin também é a ilustração das conclusões de um
relatório publicado em Março de 2011 por Olivier De Schutter, relator
especial das Nações Unidas pelo direito à alimentação.
Neste relatório, o especialista afirma que a agroecologia, método
baseado na renovação dos solos eliminando os fertilizantes químicos,
pode permitir melhorias nas regiões mais pobres, além de estar melhor
adaptado às mudanças climáticas.
«Os projectos agroecológicos demonstraram um aumento médio dos
rendimentos de 80% em 57 países em desenvolvimento, com um aumento
médio de 116% para todos os projectos africanos», afirmava o seu
autor.
Marie-Monique Robin partiu para entrevistar agricultores e camponeses
ecológicos do mundo inteiro, para examinar se a agricultura ecológica
baseada num manuseamento adequado do solo, um uso eficiente da água, a
diversidade vegetal, é o caminho para sair da crise global e conseguir
alimentar o planeta Terra.
«Os estudos demonstram que os sistemas agrícolas mais produtivos são
os que apresentam uma densidade importante de árvores», comprovou a
jornalista, que ressalta que o modelo agroindustrial não conseguiu
alimentar o planeta.
Para apoiar sua tese de que a alternativa aos pesticidas é a
agroecologia, Morin reuniu no seu filme dezenas de exemplos de como
camponeses de todo o mundo substituíram os insecticidas com técnicas
aparentemente simples, que matam as ervas e os insectos sem prejudicar
o solo nem provocar doenças.

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=595996

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