terça-feira, 5 de junho de 2012

Soluções para a floresta nacional

05 Junho 2012 | 09:00
Daniel Campelo

Opinião

As consequências de não se prevenirem os efeitos das alterações
climáticas, bem sentidas na região mediterrânica - pela variabilidade
do seu clima, em resultado dos maiores impactes das secas cada vez
mais prolongadas e extensas, de um incremento em área dos incêndios
florestais e da acentuada perda da matéria orgânica, logo da
capacidade produtiva dos solos e de factores que no global aumentam a
suscetibilidade e a extensão das ameaças da desertificação -, não é
caminho que possa ser trilhado pelas nossas políticas para a floresta
portuguesa.

As florestas têm uma relação estreita e directa com todas as questões
apontadas, não só porque são um importante sumidouro de carbono,
elemento de um dos gases que determinam o efeito de estufa das
alterações climáticas com origem antrópica, fixado e acumulado em
parte relevante na matéria lenhosa florestal, aérea e das raízes, mas,
igualmente, e em grande medida, nos solos, cuja evolução permitem e
protegem, bem como, por outro lado, poderem ser uma fonte emissora de
CO2 para a atmosfera, não só pelas desflorestações e retirada de
materiais de exploração, como pelos incêndios florestais.


Temos que ponderar seriamente na nossa forma de trabalhar o cenário
global do País, no qual 18% dos solos das terras secas se encontram em
estado de degradados ou muito degradados (1.593 milhares de hectares),
ou seja, aqueles que por perda da capacidade produtiva nas zonas secas
se consideram afectados por desertificação. Em contrapartida, cerca de
70% dos nossos solos (3.389 mil hectares), estão em estado produtivo
ou maduro. Quer dizer, então, que estão em médias a boas condições de
capacidade produtiva, em grande parte à custa de novas arborizações ou
aproveitamentos de regeneração natural.

Ocupar as áreas de solos degradados e/ou a recuperar, melhorar o
ordenamento e a gestão florestais, adequar as espécies às condições
ecológicas, conduzir e explorar os povoamentos, tendo em conta os
serviços que podem prestar de forma sustentada, prevenir e controlar
também as ameaças que resultam com frequência em incêndios,
nomeadamente pragas e doenças, são os caminhos que nos encontramos a
desenvolver com afinco, através da criação da ferramenta da Bolsa de
Terras, com a alteração da Lei dos Baldios, a simplificação de
processos que autorizam a arborização e rearborização do território, a
reorientação das verbas disponíveis do Fundo Florestal Permanente para
a floresta, a aposta no incentivo na certificação da gestão florestal,
a focalização das Zonas de Intervenção Florestal para a efectiva
gestão partilhada do património florestal, e a própria reforma da
administração local em curso pretendemos mudar o paradigma instalado
da floresta com uma série de novos e interessantes desafios que
desejam transformar em oportunidades de desenvolvimento as atuais
ameaças.



Secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural

http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=560717

1 comentário:

Anónimo disse...

Daniel, vai ler 1 livro da década de 40 intitulado de "repovoamento florestal".

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