quarta-feira, 6 de junho de 2012

Produção de leite mais perto do abismo

APROLEP 
COMUNICADO

A maioria dos produtores de leite portugueses tomou conhecimento de
nova descida no preço do leite produzido desde 1 de Junho, cerca de
1,5 cêntimos. Para alguns produtores essa descida já ocorreu em Abril.
Com esta segunda quebra, são menos 2,5 cêntimos por litro desde o
início do ano.

No sentido inverso, aumentam os custos de produção. Além do aumento do
preço da palha por causa da seca, sofremos um aumento brutal no custo
da ração, em alguns casos cerca de 6 cêntimos por Kg, chegando aos 40
cêntimos na ração comprada e aos 30 cêntimos no leite vendido. Preço
do leite a descer e custos a subir, duas forças que nos empurram para
o abismo em que não tardarão a cair as explorações em maiores
dificuldades, seguindo-se todas as outras se a tendência se mantiver.


Esta baixa segue a tendência dos preços nos últimos meses da Europa,
mas é uma desilusão que a indústria nacional, privada e cooperativa,
não tenha acompanhado os preços quando subiram na Europa e agora não
seja capaz de os segurar quando descem. É uma desilusão não haver
partilha de sacrifícios sendo a solução do costume baixar o preço ao
produtor.

É uma desilusão ainda maior vermos o preço a cair desde que foi criada
pelo Governo a Parca – Plataforma de Acompanhamento da Industria
Agro-alimentar, cujo único resultado visível foi um relatório a
confirmar o que já sabíamos e denunciámos regularmente: "Agricultores
não conseguiram repercutir nos preços de venda o aumento dos custos de
produção o que teve um impacto fortemente negativo sobre as margens da
actividade, indiciando desequilíbrio negocial (…) A partir de 2009
observou-se que os preços dos bens alimentares na produção, na
indústria e no consumidor tiveram um crescimento inferior ao da
inflação. Esta tendência revela a importância dos bens alimentares na
contenção geral dos preços. É no entanto conseguido, contudo, com
sacrifício dos rendimentos dos agricultores". Está feito o
diagnóstico. E qual o remédio, senhora Ministra? E para quando?

Está oficialmente explicado quem pagou as "promoções" e os "preços
sempre baixos o ano inteiro". E assim, enquanto se aperta o cinto a
quem trabalha no meio rural e se fazem festas em Lisboa sobre a
"produção nacional", a "moderna distribuição" vai servindo pão e circo
ao povo da cidade, perante a paralisia do governo e a incapacidade da
indústria valorizar o leite que produzimos, por enquanto, até cairmos
definitivamente no abismo.

6 de Março de 2012

A Direcção da APROLEP

http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2012/06/06f.htm

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